terça-feira, 29 de outubro de 2013

Chorocultura agrada público de bom gosto

                                                                                           Fotos Rose Dutra
Álvaro Valter, Reynaldo, Gibinha, Fausto e 


Osmar Baroni, o fundador do grupo


Com quase 20 anos de história, o Grupo Chorocultura, de Uberaba, composto por Álvaro Walter (sax alto e tenor), Reynaldo de Vitto (violão de sete cordas), Fausto Reis (cavaquinho), José Gilberto Silva Gibinha (bandolim) e Osmar Baroni (pandeiro), permanece entusiasmando plateias por esses brasis. Neste mês, entre outras apresentações, abrilhantou a abertura do Congresso Internacional de Trabalho Docente e Processos Educativos, realizado pelo Mestrado em Educação da Universidade de Uberaba, no anfiteatro do Centro Cultural Cecília Palmério.


Inspirado por músicos da velha-guarda, como Noel Rosa, Pixinguinha, Jacob Bandolim, Valdir de Azevedo, Altamiro Carrilho, e da jovem-guarda dos chorões, entre eles Amilton de Holanda e Yamandu Costa, Osmar Baroni é membro fundador do Chorocultura. Em suas apresentações nas mais variadas localidades, em clubes, casas de shows, em programas de rádio e TV,  o grupo representa a cidade pelo Brasil exibindo musicalidade de alto nível despertando os mais elogiosos comentários de simples a grande entendedor do gênero.


Por longos anos o Chorocultura contou com a presença forte do saudoso Geraldo Barão como vocalista (na foto segurando um dos muitos prêmios e homenagens recebidos pelo grupo). Seu canto era de uma emoção pura, que tocava fundo ao coração.


Com a ausência de Barão, as apresentações continuam com o brilho especial do talento de cada músico, na expressão de seus rostos a cada interpretação, a cada corda, a cada sopro ou batida nos instrumentos. Não há quem não seja tocado por toda aquela sensibilidade transmitida por seus integrantes. Fausto, o mais jovem do grupo, faz chorar seu cavaquinho com um talento ímpar. 










Sua homenagem a Waldir Azevedo, durante o evento, foi espetacular. Ele contou que o músico sofreu um acidente com um cortador de grama e quase perdeu o dedo anular sendo forçado a ficar sem tocar por um ano e meio. Disse que retornaria e quando isso acontecesse faria uma versão para cavaquinho da Ave Maria de Gounod e cumpriu. Ao interpretar a canção, Faustinho arrancou lágrimas do público que aplaudiu de pé e entusiasmadamente o grupo em mais uma marcante apresentação.





O convite partiu da professora doutora Sueli Terezinha de Abreu Bernardes que por sinal se emocionou ao apresentar os artistas que para ela formam o melhor grupo musical de todos os tempos! 


Por Osmar Baroni *

O choro é a raiz da música brasileira. Nascido no Brasil em 1870, com influência europeia, da polca, da valsa e do batuque africano, o choro surgiu como um ritmo tipicamente brasileiro. O grupo Chorocultura surgiu de uma leitura da biografia de Noel Rosa, quando pensei: “isso aqui dá um choro”. Comecei a montar um show sem pretensão. Mostrei a amigos, fui à Fundação Cultural e pedi o apoio de Maria Antonieta Borges Lopes, na época presidente do órgão. Escolhi o repertório, mas faltavam os músicos. Chamei meu amigo Reynaldo dDe Vito, que convidou outros músicos e nos apresentamos no Vera Cruz, em 18 de novembro de 1994. Terminado o espetáculo, as pessoas queriam mais. Começamos a fazer shows em aniversários, saraus e serenatas. Ficamos solicitados e direcionamos o grupo, que se manteve nas profissões paralelas, para a raiz da música. Podemos tocar samba, valsa, bolero, bossa-nova, mas basicamente o choro. Hoje somos eu no pandeiro, Reinaldo De Vito no violão de sete cordas, Fausto Reis no cavaquinho, Álvaro Valter no sax tenor e José Gilberto (Gibinha) no bandolim. Representamos Uberaba, gravamos um CD, por inspiração de Noel Rosa.
O choro foi criado num ambiente bem intimista e não é um estilo de música feito para 60 mil pessoas. Os chorões são recatados e não se expõem em busca de fama e da venda de discos. Com as revoluções da música brasileira, o que é normal em todas as épocas, a mídia não divulga esse ritmo. O jovem não tem oportunidade de ouvi-lo e existe a concorrência com a música fabricada para vender, enquanto que o choro é mais elaborado e mais difícil de ser produzido. Não tenho nada contra os outros estilos, mas hoje o povo quer as explosões, tão apresentadas na mídia. Quem ouve pela primeira vez um show de choro toma um choque benéfico. Foi o que percebemos no show do Kid Abelha, em Uberlândia, cuja abertura foi feita por nós. O público, formado por outro perfil, com jovens e adultos, adorou. Por isso, para divulgar essa cultura, comemoramos, no dia 22 de abril, o Dia Nacional do Choro, em que fazemos a Semana do Choro, apresentando a música em escolas, creches e em hospitais.
Artur da Távola, escritor que instituiu o Dia Nacional do Choro, já falecido há alguns anos, tinha numa emissora de TV o programa chamado “Quem tem medo da música clássica?”, e sempre o encerrava dizendo: “quem tem a música não tem solidão”. Penso que isso serve para todos, pois quem tem música tem uma companheira, seja na tristeza, na dor e na alegria. Alguns se expressam por amor, portanto a música é o motor na vida das pessoas. Para mim, é uma ferramenta que me ajuda a viver, a ter qualidade de vida e uma vida saudável, porque meu emocional encontra-se muito bem com a música que ouço.

*em entrevista ao Jornal da Manhã, publicada em 20/03/2011

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