A exposição Vendeta: a intifada, do artista plástico uberabense Fábio Baroli atraiu seleto e expressivo público dia 4, noite de abertura na Galeria de Artes do Teatro Sesi, onde permanecerá até o dia 31, aberta das 9h às 21h. O evento marca também o início de uma parceria show deste blog com a talentosa fotógrafa Francis Prado, que você perceberá ter um olhar extremamente diferenciado para eternizar momentos que envolvem arte e cultura. Já na estreia ela conseguiu cenas em que as telas interagem com o público visitante. Sensacional!
A mostra proporciona um passeio pela história do artista que depois de morar dez anos fora trabalhando e colecionando prêmios, retornou à cidade há um ano e meio, quando resolveu produzir esta série. É que ele queria trabalhar com a nova geração, com as crianças do bairro em que viveu e cresceu: Cássio Rezende.
Baroli conta que este retorno funcionou como uma volta à sua infância. Assim ele buscou o termo intifada que surge na década de 80 no Oriente Médio quando assistíamos à rixa entre palestinos e israelenses. "Eu era criança naquela época e o link veio direto. Era a a poética que eu estava procurando", frisa. Ele então percebeu que através da arte poderia reescrever a sua história e se reinventar no mundo. Na verdade ele retrata não apenas a história dele, mas do bairro que na década de 80, segundo ele, era violento. Nas pinturas ele substituiu as armas de verdade por armas de plástico.
Baroli diz que para o artista expor é difícil, porque vai além da nudez. Aquele momento em que a pessoa se sente nua e fica envergonhada. "Expor o trabalho é mostrar as entranhas. Eu estou me expondo também, pois as telas estão para o mundo", destaca. Diz que todas as críticas são bem-vindas e válidas. Cita que este é o processo do ateliê para a exposição, ou seja, as vísceras do artista para fora.
Baroli confessa que ficou com medo de voltar a Uberaba por saber que a cidade não tem o foco para as artes plásticas e assim ficou com receio de se sentir ilhado como a sensação que sentia antes, quando saiu da cidade. Entretanto, a partir do momento em que ele passou a considerar a volta não como um regresso, mas como uma experiência, está tranquilo. "Estou adorando estar aqui, trabalhando com os assuntos da cidade e fazer esse rebuliço todo dentro de mim", observa. E ele espera que com o que mostra, ao lado de pessoas que o apoiam como Gilberto Rezende e Sumayra Oliveira, seja possível fazer a cidade se movimentar também em outras áreas trabalhando a cultura fortemente e com qualidade.